domingo, 5 de agosto de 2007

Evolução....

As vezes o que eu mais queria era voltar a ser criança. Jogar bola na rua com os pés descalços, empinar pipas, jogar pião, apostar corridas de bicicletas, subir em muros, esconde-esconde, polícia e ladrão...

Quem não lembra dos tempos de infância? Quando as mães diziam que tínhamos que aproveitar pois acabaria rápido? Que viriam os compromissos, as responsabilidades, as mágoas, as saudades, a chatice!

É, como dizia Cazuza, "O tempo não pára e a gente ainda passa voando".

Tenho saudades. Mas isso é bom, sinal que aproveitei bastante, que coisas boas aconteceram na melhor fase da minha vida. Não que hoje não seja bom. Mas aquele tempo foi melhor, e demorei exatamente vinte e dois anos para perceber isso.

Se pudesse faria algumas coisas diferentes na minha vida. Não magoaria algumas pessoas, mas também não teria contato com outras, não faria questão. Até agora a vida me ensinou muitas coisas, mas as vezes queria que ela não tivesse ensinado. Não queria ter passado por coisas que eu mesmo criei.

Desilusões, mágoas, arrependimentos, aquele sentimento de impotência de não poder fazer nada em situações desagradáveis. Lógico que não tive só isso na vida, mas as coisas ruins marcam de uma maneira não profunda que mesmo sendo em número menor, conseguem se igualar as boas.

Não tenho medo de arriscar, isso nunca tive. Tenho medo de estar preso, de não poder desfrutar da liberdade da escolha. Tenho medo de quando for velho, olhar para trás e perceber que não fiz coisas que deveria ter feito. Tenho medo que a balança pese para o lado errado.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Olhos da mente

Distração. Esse era o sentimento que Inês sentia. Tinha medo de acordar para o mundo e perceber que seu tempo estava se esvaindo pelos dedos.

Sentada, tentava fixar os olhos nas luzes que passavam na sua frente tão rápido que mal conseguia distinguir suas cores. Verdes, azuis, amarelas e vermelhas, essas eram as cores que conseguie enxergar, mas sabia que tinham outras.

As luzes faziam Inês lembrar da infância. lembrava-se do Natal em família, do rompimento do ano, na praia, como era de costume.

Sua boca salivando, mas ao mesmo tempo seca. Procurava água. Esticou as mãos para o lado à procura de um copo com uma boa dose para matar-lhe a sede. Nada. Pensou em se levantar, mas seu corpo estava muito dormente.

Ia gritar para alguém lhe trazer, mas sua voz lhe faltava. O que era aquilo?
Sabia que estava sentada, mas só enxergava luzes, nada de muito concreto. Ao lado de sua cama, sempre deixava um copo com água para que a noite não precisasse levantar, mas não havia nada na mesa ao lado e tateando percebeu que não era a costumeira mesa de sua cabeceira.

Não se precipitou, tentou manter a calma e relaxar, deixou o tempo correr. Dos cinco sentidos, dois lhe intrigavam muito. O odor do lugar não era conhecido, não tinha o cheiro de sua casa, muito menos do seu quarto. Nem de hospital ou qualquer lugar que lhe fosse do conhecimento. O outro era o paladar. Tinha um gosto amargo na boca, como quem chupou um limão com casca e tudo.

O tempo parecia ter parado. A impaciência tentava tomar conta de Inês, uma mulher que sempre teve uma vida digna. Trabalhava, estudava e ainda era voluntária em casas de idosos. Vinte e três anos, pele negra, cabelos longos e encaracolados, quadril largo e desejado por todos homens que passavam por ela.

Não lembrava qual a última coisa que tinha feito, não sabia onde estava, não tinha noção do que estava acontecendo. Só sabia que não conhecia aquele lugar e que nunca tinha estado ali antes, mas estranhamente não tinha medo, mas impaciência.

Ouviu barulhos. Pareciam latas caindo no chão, se assustou. Contraiu o corpo e colocou os braços sobre a cabeça, como se quisesse se proteger. Aos poucos, foi relaxando novamente e sentiu que o corpo já respondia ao que quisesse fazer.

Levantou-se. Ao ficar em pé, sentiu o corpo cambalear, a tontura fez com que seus joelhos se dobrassem. Inês caiu no chão! A dor da queda não lhe atingiu, levantou novamente e tateando as paredes achou uma porta. Trancada.

Sua mente procurava achar explicações para aquilo que estava vivendo. A situação não era muito corriqueira, afinal a única vez que tinha ficado presa em algum lugar, foi quando a mãe a pôs de castigo por ter matado o peixe do aquário de tanta comida que deu a ele.

Enfim, sua mente trabalhava, estava decepcionada por não saber o que estava acontecendo. De repente, uma mão lhe tocou e uma voz disse:

- Inês, venha comigo.

Sem conseguir responder, Inês apenas balançou a cabeça negativamente. Não queria sair dali. Sabia que não conhecia aquele lugar, mas se sentia segura ali.

A voz então, novamente, pediu:

- Inês me acompanha, você tem que vir comigo.

Novamente Inês se recusou. Sem paciência, a voz soou-lhe novamente:

- Inês, você está bebada, é cega e está na minha casa. Sou sua amiga, vou lhe ajudar, mas você tem que vir comigo, vou lhe dar um banho!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Amigos

Todos falam que a amizade demora a ser construída. Não vejo dessa maneira.

As vezes, uma pessoa desconhecida consegue tocar um ponto em nós que muitas outras, que conhecemos há anos, nunca tocaram. A sinceridade em um abraço, em um aperto de mão, em um olhar, ou até mesmo em um brinde com copos de cerveja, faz a gente enxergar coisas que nunca tínhamos visto antes.

O brilho do olhar de um amigo pagão, é, por muitas vezes, mais sincero do que aquele que sempre nos olha com o mesmo sentimento. A intenção de agradar, faz com que as frases sejam sinceras, sem vergonha de estarmos errados.

O amigo antigo, conhece seus defeitos. O novo não. Lógico, ele aprenderá com tempo, mas isso não quer dizer que não será seu amigo.

Acho que todos já se confrontaram com a expressão: "a primeira impressão é a que fica". Mais uma vez não concordo. Quantas pessoas conhecemos que achamos coisas que na verdade não são reais. E com o tempo vamos nos acostumando. Vemos que muitos defeitos são só inseguranças?!

Claro, temos que prezar a amizade antiga, mas porque não colher novas amizades? Quem disse que os bons amigos são aqueles que conhecemos desde crianças? Que são aqueles que cresceram ao nosso lado?

Outra coisa também chama minha atenção. A diferença entre "colegas" e "amigos". Veja bem, o colega irá "virar a cara" para você quando você estiver com um problema? Em minha opinião, uma pessoa que faz esse tipo de coisa nem como colega pode ser chamado. Acredito que colegas são amigos que conhecemos há pouco tempo, e que só têm essa denominação por respeito à pessoas que conhecemos há tempos.

Amigo é aquele que escuta sem retrucar a opinião, sem julgar, sem ofender. Colega é aquele que um dia escutará.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Cazuza

Quanto tempo desperdiçamos? Quanto mais temos para viver? Quanto para aprender? Quantas paredes para darmos com a cara? Quantas barreiras para ultrapassar? Quantas lágrimas para chorar? Quantas emoções para sentir? Quanta força para lutar?

Um sonho nunca acaba, se recicla. Se muta, se estende.
Os sonhos são para ser sonhados, mesmo que nós estejamos acordados. Mesmo que o sono não chegue. Mesmo que tudo esteja desesperadamente turbulento.

A vida, ah essa sim, é para ser vivida!
Não se pode pensar! Não podemos deixar a infância acabar! Não podemos sair da terra do nunca!
Não podemos e nem temos que nos preocupar com o amanhã! Pois o amanhã dependerá muito de hoje!

Precisamos arriscar. Sem medo!
Nada pode trazer tanta tristeza assim, é tudo mentira!
A vida é uma só, façamos dela várias!
Um dia tem vinte e quatro horas. Será? Quem disse?
Dois corpos, podem SIM, ocupar o mesmo espaço! Desde que eles tenham sintonia, isso é fato!

A rebeldia está na juventude. Presa nas entranhas, querendo sair de qualquer jeito.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Mentiras verdadeiras!

Até que ponto as mentiras são perdoáveis? Quais as omissões tem realmente fundamentos? Mentir, como diziam os Incas, pode ser visto como uma arte. Por outro lado, algumas pessoas dizem que a mentira é uma demonstração de fraqueza. É a maneira mais ridícula de fugir de uma situação.

Em quem devemos acreditar? Você já se perguntou isso?

Em nossos pais?
Mas eles mentem também. Alegam que é para nos proteger, mas mentem. Dizem que o doce acabou, para que não comamos mais, dizem que o dinheiro não dá pra comprar um brinquedo, mas na verdade não querem mimar. Dizem que seremos sempre crianças, mas crescemos e vemos o mundo como adultos, cheios de responsabilidades.

Então confiaremos nos amigos? Dizem que eles são os verdadeiros alicerces de nossas vidas. São eles que "seguram a barra" quando algum problema aparece. São eles que dizem dar a vida por prova de amizade. E são eles também que escondem coisas que não queremos ver. Afinal, quem nunca se decepcionou com um amigo.

Passamos aos namorados, casais, e rolos!
Namorados são aqueles que provam à toda hora que querem sempre estar junto. Cheios de paixão, de amor, de disposição para agradar, cheios de cumplicidade. Mas muitos namoros não duram. Muitas vezes por causa de mentiras, omissões.
Casamento? Alguém me disse uma vez que o casamento não pode ser construído sobre mentiras. Será? Bom vejamos. O Brasil tem tradição de ser um país moralista, que presa o monógamo. Então imagine: Você está andando na rua e vê uma pessoa linda passando na sua frente. Seu companheiro percebe que você olhou para a tal pessoa e te pergunta se você estava olhando. O que você responde? Ham!
Chegamos aos rolos, denominados muitas vezes de "casos". Bom, estes deveriam ser os que mais se baseiam na verdade, já que não existe um compromisso sério, como os citados acima. Mas não, nunca queremos estragar uma chance de flash-back!

Dizer a verdade pode implicar, muitas vezes, em ocasiões embaraçosas. Imagine se um político ao ser questionado sobre ter roubado o dinheiro público para comprar uma Ferrari, ou construir uma mansão, dissesse a verdade? Linchamento na certa!

Na verdade não podemos acreditar nem em nós. Mentimos para nós mesmo. Ao conversar com o espelho, uma pessoa feia alega que é bonita, um obeso diz que não está tão gordo, mas que começará um regime no dia seguinte.

A verdade, na verdade, está naquilo que convém a nós mesmo! Se estamos bem com a mentira, deixamos ela se tornar verdade! Mas é melhor lembrar sempre, que uma outra pessoa pode saber a verdade, na verdade!

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Mundando por aí!

Quais são as razões que movem o mundo???

Algumas pessoas acreditam que vivem em plena felicidade. Pode até ser que isso seja verdade, mas então por que o homem procura objetivos, assim que os seus já estão alcançados???

A busca do novo é que move o homem. Mas ele tem medo.

O medo das respostas que a vida pode nos dar é que faz com que tenhamos receio de mudar. Porém, por outro lado, a curiosidade nos faz transcender, romper barreiras.

Nessa semana acertei, errei, aprendi e ensinei. Mas confesso que me pergunto se valeu à pena? Pra que me esforçar tanto se o mundo passa por um momento tão estático?

As pessoas tem medo de errar, de que sua rotina seja quebrada. Formam opiniões e se agarram nelas como se elas fossem suas únicas verdades. Enxergam só o que querem.

Mas o ser humano é assim mesmo cheio de defeitos. Tem lá suas qualidades, mas sempre são os defeitos que aparecem mais.
Você duvida? Então pergunte a si mesmo e seja sincero: Quantas pessoas você elogiou e quantas você criticou só nessa semana?

O homem verdadeiro não é só aquele que acredita nas verdades do mundo, mas sim o que duvida até de si.